sábado, 19 de fevereiro de 2011

Eu-Tu: Uma Fenomenologia do Amor



1. O que é Fenomenologia?

A fenomenologia nasce a partir das análises de Brentano sobre a intencionalidade da consciência humana, tratando de descrever, compreender e interpretar os fenômenos que se apresentam à percepção. Para Brentano a consciência é intencional, isto é, ao invés de dirigir-se para si mesma, tende sempre para alguma coisa. Assim sendo, a consciência não é uma substância, mas uma atividade constituída por algo (percepção, imaginação, especulação, volição, paixão, etc.), com os quais visa algo.

A fenomenologia procura abordar o fenômeno, aquilo que se manifesta por si mesmo, de modo que não o parcializa ou o explica a partir de conceitos prévios, de crenças ou de afirmações sobre o mesmo, enfim, de um referencial teórico. Entretanto, ela tem intenção de abordá-lo diretamente, interrogando-o, tentando descrevê-lo e procurando captar sua essência.

Uma psicologia que adote a atitude fenomenológica para suas investigações, passará ter uma definição mais abrangente que deverá ser “o estudo das relações do homem com/ou no mundo.” Por esta razão, não se restringindo somente ao estudo de comportamentos observáveis e controláveis, poderá examinar as experiências vividas e as significações atribuídas pelo experenciador.

Para tudo isso, faz-se necessário um método próprio que focalize a experiência vivida e sua significação. Esse método, denominado método fenomenológico se define como uma “volta às coisas mesmas”, isto é, aos fenômenos, aquilo que aparece à consciência, que se dá como objeto intencional, não só o “agora”, mas a inter-relação de pessoa, objeto, experiência, passado, presente ou futuro.

A fim de que a investigação se ocupe apenas das operações realizadas pela consciência, é necessário que se faça uma redução fenomenológica ou Epoché – colocar “entre parênteses” a atitude natural, suspendendo todo e qualquer juízo sobre o mundo natural, ou seja, retirar o que se vê no outro que não é necessariamente do outro. Ressaltando que não se pode separar o sujeito que questiona e aquele que é questionado; sujeito e objeto constituem uma mesma relação dialética, sendo a mesma, um diálogo entre o Eu e o Tu.

O Eu-Tu é o instante no qual o indivíduo está mais próximo dos sentimentos do outro, fazendo deste o momento onde um Eu se mostra para seu Tu, só podendo ocorrer diante de uma atitude fenomenológica (Epoché ou redução fenomenológica), de autenticidade, isto é, ser o que realmente se é, deixando fluir as potencialidades do outro através de um processo onde esse Eu se coloca no lugar desse Tu, num contínuo devir. Diferentemente, o Eu-Isso é uma relação unidirecional onde não existe uma atitude dialética.
2. Amor

De acordo com a visão psicanalítica freudiana, o amor surge das pulsões sexuais, ou seja, é conseqüência do fato de uma pessoa ser responsável pela satisfação sexual do seu parceiro, uma transferência do amor edipiano, no qual a menina tem como primeiro objeto de amor o pai e o menino, a mãe.

Para Melanie Klein e demais discípulos de Freud, o amor faz parte da teoria das relações objetais, diferindo pela não utilização do Complexo de Édipo para explicar a transferência de afeição ao pai do sexo oposto, mas sempre pela mãe. Assim, o amor adulto baseia-se no amor materno com probabilidade antagônica de ser imitativo ou oposto.

Conforme Skinner e o behaviorismo, o amor é construído pelo reforçamento que nem sempre é contínuo, podendo elucidar-se de forma intermitente. Sendo a relação, um impulso primário, inato, associado com a necessidade biológica e diretamente envolvido com a sobrevivência do organismo.
3. A Teoria Fenomenológica aplicada ao Amor
Baseado nos conceitos acima citados, como se daria a aplicação da visão fenomenológica sobre o amor?

O amor é uma arte que necessita ser desenvolvida com acurácia, exigindo condições de conhecimento acerca do seu significado real, mesmo que esse conhecimento esteja camuflado pelos intempestivos arroubos da paixão.

A vivência do amor é constituída por uma inter-relação Eu-Tu, na qual se busca a autenticidade e a compreensão do ser amado. A partir de então, o encontro amoroso passa a ser mais que um mero acaso e, a fenomenologia, uma ferramenta esclarecedora do tão inquietante papel do amor na vida humana.

Segundo a visão fenomenológica, a intenção da consciência é primordial para a percepção dos fenômenos; há necessidade de se despir da ignorância que o primeiro julgamento provoca e tentar conhecer o que se passa dentro e fora do sujeito questionado. O encontro de amor pressupõe justamente essa lógica, à medida que o tu-amado recebe o apelo do eu-que-ama e se desvincula das atribuições atrativas do outro, torna-se um ser-junto em essência. Não se observa, pois, facticidade nessa relação, mas sim uma subjetividade advinda do apelo amoroso que torna a existência do ser amado mais profunda.

Todavia, a exposição dessa subjetividade pode causar desconforto ao indivíduo, já que se espera a comunicação do que é sentido por ele, e essa expressão é muitas vezes tida como “difícil”, talvez pelo uso inadequado de vocábulos que indicam apenas uma insípida sentimentalidade e deturpam o sentimento.

Ao se fazer um elo entre a fenomenologia e o amor é inevitável argumentar que a busca pela significação da essência da inter-relação eu-que-ama e tu-amado, encontra-se fundamentada pela liberdade e criatividade do indivíduo. O apelo amoroso ao ente amado não significa que o que ama queira obrigar, dominar ou possuir o outro. O amor deseja a liberdade desse tu-amado, levando-o a sua própria liberdade de escolha de caminhos, tornando-o, este outro, responsável por sua própria atitude.

O testemunho mais eloqüente da criatividade do sujeito, enquanto amante, é a consciência de não estar mais “sozinho”, porque além de ajudar na formação do outro, o amor cria um “nós”, um “juntos”, diferente do que se experimenta com qualquer “nós” vivido em todos os outros tipos de encontros e capacitando o eu-que-ama a superar o isolamento das demais pessoas, mantendo ao mesmo tempo a integridade individual.

“O amor é a resposta para uma questão inevitável – o problema da existência humana”. ³ __________________________ 3 Friedman e Schustack,2004
CONCLUSÕES FINAIS:

Não se pode falar da inter-relação homem-mundo na fenomenologia, sem se opor a exacerbação do individualismo, característica contrária manifestada através do amor. Assim, o amor seria uma relação de reciprocidade, liberdade e responsabilidade na apresentação total da pessoa diante da outra.

Assim sendo, o encontro Eu-Tu passa a ser uma experiência luminosa que é o amor, necessitando de reciprocidade, presença, imediatez e responsabilidade tentando fazer com que esse eu-que-ama apresente qualidades como autenticidade (deixando o tu-amado ser realmente o que é); percepção global do outro (numa tentativa de conhecimento íntimo) e a não-imposição (deixando o outro ser livre e responsável pelas suas escolhas e atitudes).

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Postagem de abertura, Editorial ou qualquer outro troço que acalme um transtorno obsessivo por contagens!

Psicolokos é um blog de atitude. Sim , nós vivemos num mudo de guerra e poesias, desafios e escolhas que nos enchem de júbilo e medo. Então, uma vez que nada sabemos, por que estudamos psicologia? Espero que o  coração de nossos leitores seja como o rufar dos tambores, o sonho que nos faz acordar para a vida, para o amor e seus mistérios. Aliás, todos perceberão que epistemologia ( que diabo é isso?) não é algo chato.

 No mais, antes de seguir em frente, stop! Olhe, pense, critique, diga um palavrão se quiser. Por fim, e não menos relevante, deixaremos umas imagens embaralhadas. O que você verá? O seu Eu? O retorno Às coisas mesmas? Acho que os Psicolokos precisam de acompanhamento psicológico (obs: esse momento da leitura é o momento do riso. Sabe as risadas dos seriados norte-americanos?) Sendo assim, ou assim sendo, O que um psicólogo pode fazer? O que a humanidade deve fazer? Tudo que precisamos é amor? Sei lá! Só não esqueçamos do humor, do café, do que aprendemos a chamar de Direitos Humanos.

 Abraços da equipe Psicolokos e do seu Editor-Chefe: Madson Não sei das quantas.
  ''Mude o mundo; mas não deixe sua mãe abrir sua bolsa''.                                                                                                                                                  
                                                                                                                                         
Antes de amar-te, amor, nada era meu



Vacilei pelas ruas e as coisas: 
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava. 
E conheci salões cinzentos,                                                      
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.                                              
Tudo estava vazio, morto e mudo,                                                     
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza

De dádivas encheram o outono.                                                     
                    ?


 
         Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração
.
FERNANDO PESSOA




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