segunda-feira, 14 de março de 2011

Histéria na fenomelogia!


Diz JANET  com razão: “ A histeria pode acometer pessoas  boas e más; e não se podem levar à conta da doença traços pessoais que, sem ela, se comportariam exatamente da mesma forma”. O caráter histérico é, decerto, frequente, mas nem sempre se vincula aos mecanismo histéricos; como também, no entanto são muito variados os tipos carateriais que chamamos histéricos.
A personalidade histérica tem necessidade de parecer vivenciar mais do que é capaz. Não é a vivência originaria, autêntica, exprimindo-se naturalmente, que aparece; e sim uma vivência ‘’feita”, ou fabricada, teatral, forçada; ”fabricada” mas não conscientemente, por que a personalidade e capaz, sim (um dom propriamente histérico), de viver no seu teatro próprio, de nele encontra-se por completo, momentaneamente; com a aparência portanto de autenticidade.

Enfim, pode-se dizer que o caroço da personalidade histérica se perdeu se perdeu, só ficando a “casca muda”, um drama sucedendo-se ao outro. Já nada mais encontra em si, ela procura tudo fora de si, querendo vivenciar alguma coisa de extraordinário nos impulsos naturais, não se abandona ao evento normal e sim buscando aproveitá-lo.
A si mesmo e aos outros ela faz crer existir vivência intensa, mediante movimentos expressivos exagerados, a qual falta a base psíquica adequada. Atrai-a tudo quando significa estímulo externo potente: escândalo, sensação, celebridades . Para certifica-se da importância que têm, as personalidades histéricas precisam estar sempre representando um papel, sempre tentando fazer-se interessantes, mesmo que seja a custo de sua reputação, ou de sua honra; sentem-se infelizes quando por poucos instantes que seja, se vê em despercebidas.
Dai serem ciumentas e invejosas em excesso quando os demais  parecem limitar-lhe a posição ou a importância. Não o conseguindo de outra forma, chamam sobre si a atenção por meio da doença, encenado o papel de sofredor infligindo-se padecimento (ferimentos, lesões), mostrando “ vontade pela doença”.
Na ânsia de exaltar-se e encontra novas possibilidades de influenciar, chega-se afinal a mentira, de inicio conscientemente manejada, mas não tardando a desenvolver-se  por forma de todo inconsciente.
Os histéricos não enganam só a si mesmo, mas os outros, perdendo a consciência da própria realidade. Quanto mais se desenvolve a teatralidade, tanto mais vai desaparecendo nessas pessoas qualquer movimento afetivo autêntico próprio; não se pode confiar nelas, já não são capazes de relacionamentos afetivos estável. Mais não resta do que o palco de vivências imitadas e teatrais, o que constitui o quadro evoluído ao extremo da personalidade histérica.

Referencia:
JASPERS, Karl. Psicopatologia Geral- Histéria fenomenológica. pag 529-530. 8ª edição. são paulo, 2003

Psicologia Existencial!

É uma psicologia fundamentada na Fenomenologia, filosofia que rompeu com a escola clássica, grega, divergindo em vários pontos entre os quais sobre o conceito de essência.
Para a filosofia antiga a essência é algo interno que dificilmente se revela, ficando oculta sob as diversas manifestações da exterioridade que encobre a verdade do sujeito.

Para a Fenomenologia a aparência NÃO esconde a essência, mas a revela, porque a aparência É a própria essência. Se uma pessoa esconde um pensamento, ou um sentimento, se ela não fala disso ou fala outra coisa no lugar disso, o que temos aí? Temos a revelação daquilo que é a essência da pessoa naquele momento: a essência de ocultar um sentimento. No caso ela revela que não quer revelar, e isto é uma revelação. A pessoa não é uma paixão escondida, ela é a que esconde a paixão
Assim, a Fenomenologia valoriza o que aparece e não o que "deveria" aparecer. Ela enfatiza a experiência vivida da subjetividade. O que é isso? uma psicologia que olha o fato, o fenômeno, aquilo que aparece. Buscamos compreender a pessoa no lugar em que ela está, sem interpretações acerca do "como deveria ser". Então, a responsabilidade pessoal é posta em relevo, já que o foco sempre será a pessoa tal como ela se percebe e se anuncia. O interpretar se baseia em modelos pressupostos. O compreender se baseia na realidade presente que é aceita pelo psicólogo de forma incondicional.
A diferença é que na psicanálise temos sempre alguém fora de nós a quem atribuir nossas responsabilidades, na existencial as responsabilidades sobre nossas escolhas (sempre conscientes) são sempre nossas.
Quanto maior a consciência, maior a liberdade; quanto maior a liberdade, maior a responsabilidade. E a liberdade nos traz a ansiedade (ou a angústia) de nos sabermos únicos responsáveis por nossas escolhas conscientes. E isto não precisa nos trazer desespero e nos manter nele, porque essa angústia é libertadora a partir de um fato que ela me mostra: se sou responsável por minhas escolhas, também sou responsável por aquilo que será feito de mim daqui por diante, e isto é libertador. Ninguém detém o poder de me impedir de ser feliz, assim como a minha felicidade não está nas mãos de ninguém
Tudo isso faz aumentar a minha responsabilidade acerca do tanto de empenho que preciso aplicar na direção dos meus projetos e desejos. A existencial chega para nos mostrar que estamos em nossas próprias mãos, mais do que poderíamos imaginar. Nossa liberdade é absoluta, como disse Sartre, mas ele explicou que a liberdade se realiza num contexto de facticidade, e isto quer dizer que há aspectos "fáticos" que precisam ser considerados, isto é, há coisas que não mudam porque fazem parte do mundo em-si.
A minha realidade é o que faço com a minha facticidade, porque experiência não é o que lhe acontece, mas o que você faz com aquilo que lhe acontece.

Por que Fenomenologia-Existencial?


Considero a Fenomenologia-Existencial uma abordagem prática, antes de ser uma teoria a ser seguida.

A Fenomenologia-Existencial diz que antes de haver uma relação psicólogo/paciente existe um encontro entre duas pessoas, dois seres-humanos, onde pelo menos um deles será reconhecido.
Uma característica da Fenomenologia é o cuidado para não cair em fórmulas prontas e esquemas simplistas ou deterministas. Nunca perder de vista a vivência e a experiência que cada pessoa traz consigo mesma, durante uma sessão.




domingo, 6 de março de 2011

Existencialismo
Existencialismo é um conjunto de doutrinas filosóficas que tiveram como tema central a análise do homem em sua relação com o mundo, em oposição a filosofias tradicionais que idealizaram a condição humana.

É também um fenômeno cultural, que teve seu apogeu na França do pós-guerra até meados da década de 1960, e que envolvia estilo de vida, moda, artes e ativismo político. Como movimento popular, o existencialismo iria influenciar também a música jovem a partir dos anos 1970, com os góticos e, atualmente, os “emos”.

Apesar de sua fama de pessimista e lúgubre, o existencialismo, na verdade, é apenas uma filosofia que não faz concessões: coloca sobre o homem toda a responsabilidade por suas ações.

O escritor, filósofo e dramaturgo francês
Jean-Paul Sartre (1905-1980), maior expoente da filosofia existencialista, parte do seguinte princípio: a existência precede a essência. Com isso, quer dizer que o homem primeiro existe no mundo - e depois se realiza, se define por meio de suas ações e pelo que faz com sua vida.

Assim, os existencialistas negam que haja algo como uma natureza humana - uma essência universal que cada indivíduo compartilhasse , ou que esta essência fosse um atributo de Deus. Portanto, para um existencialista, não é justo dizer "sou assim porque é da minha natureza" ou "ele é assim porque Deus quer".

Ao contrário, se a existência precede a essência, não há nenhuma natureza humana ou Deus que nos defina como homens. Primeiro existimos, e só depois constituímos a essência por intermédio de nossas ações no mundo. O existencialismo, desta forma, coloca no homem a total responsabilidade por aquilo que ele é.
Somos os responsáveis por nossa existência
Se o homem primeiro existe e depois se faz por suas ações, ele é um projeto - é aquele que se lança no futuro, nas suas possibilidades de realização. O que isso quer dizer?

Eu não escolho nascer no Brasil ou nos EUA, pobre ou rico, branco ou preto, saudável ou doente: sou "jogado" no mundo. Existo. Mas o que eu faço de minha vida, o significado que dou à minha existência, é parte da liberdade da qual não posso me furtar. Posso ser escritor, poeta ou músico. No entanto, se sou bancário, esta é minha escolha, é parte do projeto que eliminou todas as outras possibilidades (escritor, poeta, músico) e concretizou uma única (bancário).

E, além disso, tenho total responsabilidade por aquilo que sou. Para o existencialista, não há desculpas. Não há Deus ou natureza a quem culpar por nosso fracasso. A liberdade é incondicional e é isso que Sartre quer dizer quando afirma que estamos condenados a sermos livres: "Condenado porque não se criou a si próprio; e, no entanto, livre, porque uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer" (em O existencialismo é um humanismo, 1978, p. 9).

Portanto, para um existencialista, o homem é condenado a se fazer homem, a cada instante de sua vida, pelo conjunto das decisões que adota no dia-a-dia.

"Tive que cuidar dos filhos, por isso não pude fazer um curso universitário." "Não me casei porque não encontrei o verdadeiro amor." "Seria um grande ator, mas nunca me deram uma oportunidade de mostrar meu talento." Para Sartre, nada disso serve de consolo e não podemos responsabilizar ninguém pelo que fizemos de nossa existência. O que determina quem somos são as ações realizadas, não aquilo que poderíamos ser. A genialidade de Cazuza ou Renato Russo, por exemplo, é o que eles deixaram em suas obras, nada além disso.
O peso e a importância da liberdade
Mas ao escolher a si próprio, a sua existência, o homem escolhe por toda a humanidade, isto é, sua escolha tem um alcance universal. João é casado e tem três filhos: fez uma opção pela monogamia e a família tradicional. Já seu amigo José é filiado a um partido político e vai para o trabalho de bicicleta: acha correta a participação política e se preocupa com o meio ambiente. As escolhas de José e João têm um valor universal. Ao fazer algo, deveríamos nos perguntar: e se todos agissem da mesma forma, o mundo seria um lugar melhor de se viver?

E é por esta razão que o viver é sempre acompanhado de angústia. Quando escolhemos um caminho, damos preferência a uma dentre diversas possibilidades colocadas à nossa frente. Seguimos o caminho que julgamos ser o melhor, para toda humanidade.

Fugir deste compromisso é disfarçar a angústia e enganar sua própria consciência. É agir de má-fé, segundo Sartre. Neste caso, abro mão de minha responsabilidade. Digo: "Ah... nem todo mundo faz assim!", ou então delego a responsabilidade de meus atos à sociedade, às pessoas de meu convívio familiar e profissional ou a um momento de ira ou paixão. No entanto, para os existencialistas, esta é uma vida inautêntica.

À primeira vista, o peso da liberdade depositado no homem pelos filósofos existencialistas pode parecer excessivamente pessimista, fatalista, de uma solidão extrema no íntimo de nossas decisões. Mas, ao contrário, o existencialista coloca o futuro em nossas mãos, nos dá total autonomia moral, política e existencial, além da responsabilidade por nossos atos. Crescer não é tarefa das mais fáceis.