Diz JANET com razão: “ A histeria pode acometer pessoas boas e más; e não se podem levar à conta da doença traços pessoais que, sem ela, se comportariam exatamente da mesma forma”. O caráter histérico é, decerto, frequente, mas nem sempre se vincula aos mecanismo histéricos; como também, no entanto são muito variados os tipos carateriais que chamamos histéricos.
A personalidade histérica tem necessidade de parecer vivenciar mais do que é capaz. Não é a vivência originaria, autêntica, exprimindo-se naturalmente, que aparece; e sim uma vivência ‘’feita”, ou fabricada, teatral, forçada; ”fabricada” mas não conscientemente, por que a personalidade e capaz, sim (um dom propriamente histérico), de viver no seu teatro próprio, de nele encontra-se por completo, momentaneamente; com a aparência portanto de autenticidade.
Enfim, pode-se dizer que o caroço da personalidade histérica se perdeu se perdeu, só ficando a “casca muda”, um drama sucedendo-se ao outro. Já nada mais encontra em si, ela procura tudo fora de si, querendo vivenciar alguma coisa de extraordinário nos impulsos naturais, não se abandona ao evento normal e sim buscando aproveitá-lo.
A si mesmo e aos outros ela faz crer existir vivência intensa, mediante movimentos expressivos exagerados, a qual falta a base psíquica adequada. Atrai-a tudo quando significa estímulo externo potente: escândalo, sensação, celebridades . Para certifica-se da importância que têm, as personalidades histéricas precisam estar sempre representando um papel, sempre tentando fazer-se interessantes, mesmo que seja a custo de sua reputação, ou de sua honra; sentem-se infelizes quando por poucos instantes que seja, se vê em despercebidas.
Dai serem ciumentas e invejosas em excesso quando os demais parecem limitar-lhe a posição ou a importância. Não o conseguindo de outra forma, chamam sobre si a atenção por meio da doença, encenado o papel de sofredor infligindo-se padecimento (ferimentos, lesões), mostrando “ vontade pela doença”.
Na ânsia de exaltar-se e encontra novas possibilidades de influenciar, chega-se afinal a mentira, de inicio conscientemente manejada, mas não tardando a desenvolver-se por forma de todo inconsciente.
Os histéricos não enganam só a si mesmo, mas os outros, perdendo a consciência da própria realidade. Quanto mais se desenvolve a teatralidade, tanto mais vai desaparecendo nessas pessoas qualquer movimento afetivo autêntico próprio; não se pode confiar nelas, já não são capazes de relacionamentos afetivos estável. Mais não resta do que o palco de vivências imitadas e teatrais, o que constitui o quadro evoluído ao extremo da personalidade histérica.
Referencia:
JASPERS, Karl. Psicopatologia Geral- Histéria fenomenológica. pag 529-530. 8ª edição. são paulo, 2003